terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A ROUBALHEIRA DA REDE CEMAT

Aprendi com meus pais a distinguir o certo do errado. Enxerguei desde os tempos da Universidade de Brasília (anos áureos da ditadura) que as concessionárias dos serviços públicos eram obrigadas a prestar a seus usuários serviços de excelência.
Mineiro, jornalista e sobremaneira metódico aprendi que deveria zelar por meus interesses. Não poderia ser diferente com uma concessionária de serviços públicos.
Os anos foram passando e eu me assustava com os aumentos constantes do consumo de energia embora não tivesse adquirido nenhum equipamento para justificar o aumento.
Comecei a desconfiar da então Cemat. E a desconfiança gerou um sistema de controle diário. Preparei minha planilha onde anotava, todos os dias, o consumo a data e o consumo do dia anterior.
Fiquei estarrecido ao constatar que estava sendo, invariavelmente roubado, pela Cemat.
Os tempos passaram e a Cemat mudou de nome e de dono. Nada mudou, senão o aumento da roubalheira.
Resido no bairro Boa Esperança desde dezembro de 1981. Há sete anos nossa filha mais velha decidiu estudar em Curitiba e logo depois a mais nova tomou o mesmo destino. Agora, somos apenas minha mulher e eu nesta casa.
Temos duas televisões – uma de 32 polegadas e outra de vinte. O consumo mensal das duas é de cerca de 270 watts/h. Se as deixo em stand by o consumo não ultrapassa 0.15 watts hora, o que raramente acontece. Uma geladeira com consumo mensal de 60 kwh; um aparelho som com consumo (mas quase nunca ligado) de 400 watts; uma lavadora de roupa tipo tanquinho (a mais usada), quatro horas, uma vez por semana; uma lavadora de roupa Consul. Três lâmpadas de 15 watts que permanecem acesas das 19 às 6 horas da manhã, Um microcomputador que uso por três horas diárias; o ferro elétrico que é ligado no máximo por duas horas, um dia da semana. Dois umidificadores de ar para cinco litros de água (apenas um funciona durante dez horas noturnas). Dois ventiladores de teto que consomem 120 watts hora e ficam ligados por 16 horas dia (oito horas cada um).
Fiz meus cálculos e cheguei aos seguintes resultados;
Ar condicionado: 101 kw/h/mês; Tanquinho (consumo de 0,06 kw/h/ciclo – são quatro ciclos especificação do fabricante) 2,0 kw/h/mês; Geladeira: 60 kw/h/mês: Televisões: 83,7 kw/h/mês; Ferro elétrico: 9,6 kw/h/mês; Máquina de lavar Consul: 0,13 kw/h (especificação do fabricante) 2,8 kwh/mês; Lâmpadas de 15 watts: 1,60 kw/h/mês; Aparelho de som: 200 watts/h/mês; Umidificador de ar:1,0 kw/h/mês; Ventiladores: 59,50 kw/h/mês; Liquidificador: 0,50 kw/h/mês; Batedeira: 0,50 kw/h/mês; Chuveiro elétrico: 2,0 kw/h/mês; Computador: 15,60 kw/h/mês. Consumo total mensal aproximado: 338,80 kw/h
Vale salientar que há mais de dez anos faço a leitura diária do medidor de energia, anotando dia, mês e consumo. Para se ter ideia do rombo em meu orçamento eis o consumo kw/h/ nos seguintes meses: nov/11: 560; out/11: 560; set/11: 500; agos/11: 500; jul/11: 400; jun/11: 460; mai/11: 540; abr/11: 470; mar/11: 570; fev/11; 640; jan/11: 700.
A Rede Cemat informa na última fatura que o consumo médio dos últimos três meses foi de 536 kw/h. A diferença entre o consumo médio apontado pela concessionária e o que acredito realmente consumir é brutal. São aproximadamente 197,20 kw/h/mês.
Ouço notícias de residências com aparelhos de ar condicionado de 18.000 buts que ficam ligados o dia inteiro e ao final do mês o consumo é bem inferior ao meu. Sei da existência de “gatos” nas casas dos poderosos e a Rede Cemat faz acintosamente vistas grossas, talvez defendendo seus próprios interesses.
Não acho justo que tantos milhares de consumidores paguem pelo excessivo consumo de poucos. Exijo que a Rede Cemat tome uma providência séria em relação aos velhos medidores, por serem em sua grande maioria, obsoletos e viciados.
Prestei queixa à Rede Cemat no dia 26.9.11. Em novembro fiz o mesmo procedimento junto à Agência Nacional de Energia Elétrica. Fui informado que a Rede Cemat durante inspeção realizada in loco não detectou nenhum problema no equipamento de medição, tais como, interligação ou vazamento de energia até o ponto de entrega. Se tal inspeção ocorreu, enquanto proprietários, minha mulher e eu não participamos dela. O mais grave: por problemas de saúde não consigo sair de casa, estou com elevadíssimo nível de ferritina (posso anexar caso a ANEEL e a Rede Cemat interessem o comprovante dos exames realizados) e não consigo me locomover além de cinqüenta metros. Não dirijo, aliás, nunca dirigi um veículo. Portanto não há como a concessionária alegar que encontrou a residência sem nenhum morador para atender seus funcionários na data mencionada. Como a Rede Cemat faz inspeção e não nos convoca para participar, mesmo como simples, mas interessadíssimos observadores, da mesma? Sou um velho, mas não estou esclerosado. Se a Rede Cemat quer continuar roubando que o faça com outros, comigo não.
Como cidadão brasileiro, em pleno gozo de seus direitos constitucionais e de suas faculdades mentais, exijo que a Rede Cemat comprove com minha assinatura a inspeção realizada em minha (nossa) residência, faça a inspeção dos equipamentos que possuo nela para comprovar o gasto apresentado nas faturas e, principalmente troque o medidor de energia por um novo, sem vícios, talvez ocasionado pelos longos anos de uso, talvez...
Jamais deixei de quitar as faturas dessa malfadada empresa, aliás trata-se de débito em conta e há sempre fundos suficientes para cobri-lo.
Houve um incidente quando não morava em Cuiabá, acusaram violação do medidor de energia. A casa estava “alugada”, moradores e eu assumimos a responsabilidade, mesmo sem dever. Não devo e jamais deverei a uma empresa que se enriquece explorando grande parte de pessoas que não sabem de seus direitos ou que têm medo de procurá-los.
Eu não temo a Rede Cemat e nem quaisquer possíveis ameaças advindas deste artigo, inclusive da mudança do medidor de energia por outro viciado que aumente sumariamente o consumo da unidade consumidora...
Ressalto ainda dois fatos importantíssimos: orientado por um engenheiro eletricista efetuei a mudança (há cerca de um ano e meio) de toda a fiação, pois os fios antigos poderiam estar provocando fuga de energia. Não houve diferença no consumo. O segundo fato porque num dia o gasto é de 10 kw, no outro 20 e num terceiro 30? E os equipamentos ligados são os mesmos, o tempo quase sempre o mesmo. Ar condicionado (com timer), ventiladores, máquina de lavar roupa, ferro elétrico e lâmpadas, invariavelmente são utilizados com o mesmo número de horas. E quando a casa ficou fechada por cinco dias, apenas a geladeira ligada, todos os aparelhos foram desconectados das tomadas e o consumo medido foi de 50 kw/h? Como?!!! E como já afirmei a geladeira consome 60 kw/h/mês.
Espero que este artigo sirva de alerta para os milhares de consumidores da Rede Cemat que estão sendo lesados diariamente sem o saber.
Exerça seu direito de cidadão denunciando os abusos da Rede Cemat telefonando para a Agência Nacional de Energia Elétrica através do telefone 167, ligação gratuita de telefone fixo.