quarta-feira, 19 de setembro de 2012
SÁBADO OU CANTOS PARA UM DIA SÓ
Marta Helena Cocco nasceu poeta. Mais: nasceu poeta pronta. Isto não quer dizer que ela não tem mais que crescer. Há de crescer e muito e os que a lerem proximamente descobrirão que sua poesia melhora a cada livro escrito.
Há uma dose de crueldade em seus versos, não se trata de crueldade intencional, mas da crueldade que abandonou as metrópoles e hoje ocupa os menores vilarejos:
“Deveria endereçar alguma prece
a quem tenha decidido
as coisas como estão?
Do contrário
pode-se ficar abaixo
do bem e do mal
obedecendo a ser indiferente
o que é o mesmo que ser igual.”
.
Ainda que seja o retrato fiel do que ocorre em nosso dia a dia, há um quê de ternura em cada poema. Não se trata de uma ternura explícita. É preciso ter a lente mental aguçada para adentrar nos entre versos de cada canto. E a poesia se me afigura diamante inabalável, irrequietamente desprovido de jaça.
A poeta nasceu pronta e desafia seu próprio destino se provocando, se instigando a produzir mais e mais perfeitamente.
Só os grandes têm o poder de pensar na magnificência do que escreve sem que isso venha carregado de petulância. Os grandes escritores na pureza da alma carregam o fardo da simplicidade, pois que a simplicidade pesa muito mais que a arrogância.
Pari passu dos seus outros três livros de poesia, Sábado ou Canto para um dia só veio para ficar entre os grandes livros da contemporânea literatura mato-grossense.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário