sábado, 2 de abril de 2011

Não fala comigo! a história de um autista





O nascimento de uma criança diferente, não raras vezes, tem destruído uma família. Grande parcela dos casais aceita com relutância um filho deficiente. Talvez por não estar psicologicamente estruturada para carregar pela vida afora o “fardo” que não escolheu.
Porcertamente Martírio veio ao mundo abençoado por Deus, ainda que envolto numa aura misteriosa.
Somente no início Rutinha pensou ser a culpada pela deficiência do filho e se pudesse, teria escolhido um igual aos outros. A mesma tez morena, os olhos maiúsculos, azevichados, como os dela, os cabelos louros que, amiúde, contrastavam com a imensidão seca daquele sertão.
O tempo avança suas horas: o filho que viera em momento de quase penúria trazia consigo a diferença... e eles o amaram com todas as forças como prenunciassem que, diante de tamanha desigualdade, Martírio era o mais igual entre os iguais.
Não fala comigo! a história de um autista retrata, sobremaneira, que, embora não tenham planejado um filho diferente, Epigmênio e Rutinha souberam derrubar obstáculos, não permitindo à amargura do sofrimento privá-los de amar e ser amado pelo filho que, em sua diferença, conseguiu quebrar o gelo da desconfiança e os grilhões do preconceito.

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